Ortorexia Nervosa
(Obsessão por alimentação saudável)
“O O termo ortorexia é de origem grega:"ortho" que significa correto e "orexis", apetite. Foi descrito pela primeira vez pelo médico americano Steven Bratman, autor do livro Health Food Junkies, (Viciados em Comida Saudável). Segundo ele, quem apresenta o problema possui uma fixação por alimentação saudável e chega a gastar horas pensando no assunto.
Apesar de a ortorexia ser reconhecida pelos profissionais de saúde como um distúrbio de comportamento alimentar, não pode ser oficialmente diagnosticado por não constar no DSM., livro para diagnóstico de doenças mentais.
A ortorexia é definida como um distúrbio do comportamento alimentar caracterizada pela obsessão por alimentação saudável, ou seja, indivíduos com esse transtorno alimentar acabam excluindo e/ou substituindo da dieta grupos alimentares importantes. Essa exclusão de alimentos sem a devida orientação pode levar a carências nutricionais comprometendo a própria saúde.
Segundo estudos recentes 6.9% da população sofre desse problema e 35% a 57% em grupos de alto risco como profissionais de saúde, desportistas e artistas.
Algumas pessoas podem ter maior predisposição para desenvolver a ortorexia (pessoas extremamente perfecionistas, com mania de organização e com necessidade exagerada de autocuidado).
É possível notar nos indivíduos que sofrem desse transtorno algumas características como:
- A busca obsessiva por normas ou regras sobre alimentação saudável;
- Distorção das informações sobre como levar um estilo de vida saudável;
- Exclusão de alimentos considerados prejudiciais à saúde, impuros, transgénicos, com conservantes etc.;
- Preocupação excessiva com a forma de preparo dos alimentos assim como os utensílios usados durante a preparação;
- Evitam comer fora de casa por não saberem como os alimentos foram preparados.
Causas: A insatisfação com a autoestima é um dos principais motivos responsável pela maioria dos casos de ortorexia nervosa. Há pessoas que também reconhecem a ortorexia nervosa como a única solução para melhoras rápidas de estado de saúde.
Sintomas:
•As pessoas com Ortorexia nervosa se recusam a consumir alimentos com condimentos, conservantes ou corantes, muito utilizados principalmente em alimentos industrializados.
•Elas excluem qualquer possibilidade de ingestão de alimentos geneticamente modificados ou pesticidas.
•Quando convivem com essa obsessão, as pessoas com ortorexia nervosa excluem de forma radical a possibilidade de consumo de sal, açúcar e gordura, o que muitas vezes leva-os à exclusão de alimentos ricos em gorduras boas para o organismo.
•Elas estão obcecadas com a forma de preparo e a composição dos alimentos.
•Quando oferecidos, recusam alimentos que não se enquadram no grupo de alimentos permitidos em sua dieta restrita. •Quando decididas, as pessoas com ortorexia nervosa dedicam-se integralmente à dieta e não medem esforços, independente do preço a ser pago.
•Quando não conseguem resistir a uma exceção, essas pessoas culpam-se e repreendem-se como se tivessem cometido um crime, o que muitas vezes pode levar a momentos de sentimento de derrota e depressivos.
•Essas pessoas deixam de respeitar o equilíbrio saudável que a variedade de alimentos pode oferecer, o que pode resultar em desnutrição e principalmente em mais momentos de fome durante o dia.
•Há caso que pessoas deixam de confiar nos profissionais da saúde e decidem inclusive adequar-se à uma nova dieta de acordo com seus conhecimentos erróneos e influenciados pelo desejo de conquistar o corpo sonhado.
•Frequentemente criticam o estilo de vida das demais pessoas e desvalorizam qualquer hábito que não se adeque às finalidades que são priorizadas pela dieta equivocadamente reconhecida como "saudável".
•Distanciam-se dos âmbitos sociais e podem inclusive perder vínculos com amigos e familiares devido à dificuldade de aceitação da continuidade de rotinas vividas anteriormente com a ingestão de diversos alimentos que então se tornaram "proibidos".
•A dificuldade de aceitação de uma refeição não se limita aos valores nutritivos dos alimentos, mas pessoas com ortorexia nervosa também resistem em aceitar refeições preparadas por terceiros.
•A perda de peso excessiva sem seguir uma dieta indicada e aprovada pode ser um dos sintomas de início de Ortorexia.
Diagnóstico: O diagnóstico pode ser realizado através do teste ORTO-15, composto por questões de múltipla escolha que aborda atitudes obsessivas relacionadas à alimentação considerada saudável. Alguns grupos de pessoas (como: estudantes de medicina, nutricionistas, pessoas ansiosas e que supervalorizam o corpo perfeito) são mais suscetíveis ao desenvolvimento da ortorexia.
Tratamento: Inicialmente, a pessoa deve reconhecer que está vivenciando esse transtorno. Em seguida é preciso avaliar as causas e fundamentos que resultaram em tal consequência. O apoio dos familiares e amigos é fundamental para que essa pessoa gradativamente permita-se consumir alimentos que antes eram "exterminados" do seu plano alimentar. O acompanhamento de um nutricionista pode ser benéfico, mas o maior apoio que pessoas com esse transtorno necessitam é de um psicólogo, para que assim possam se conscientizar de seu problema e refletir sobre os hábitos que acreditava serem saudáveis, para dessa forma avaliar seus pensamentos e adequa-los à rotinas saudáveis.
Prevenção: A melhor forma de prevenir o distúrbio é ter consciência dos nutrientes necessários para uma dieta balanceada. Uma dieta balanceada pode ser rica em alimentos saudáveis, mas necessita de outras proteínas e nutrientes que às vezes são encontrados em produtos considerados "não saudáveis". A prática de exercícios físicos e o acompanhamento psicológico também são atitudes que podem evitar esse tipo de distúrbio. A regra é poder comer de tudo, desde que com moderação.
Recuperação: Ortoréxicos não se adaptam à alimentação normal facilmente. É importante respeitar e apoiá-los no momento de recuperação, pois engloba diversos fatores emocionais e físicos. O entendimento de alimentação saudável foi modificado e a aceitação não ocorre de forma fácil, requer tempo, dedicação e apoio.
Mariagrazia Marini Luwisch
Psicóloga clínica Psicoterapeuta